O edifício localiza-se a meio das Escadinhas do Marquês de Ponte de Lima, em pleno núcleo histórico da Mouraria.
Neste local, a vivência entre a fachada principal e tardoz é de grande contraste. Na frente, uma rua esconsa com alguns edifícios recentemente recuperados e outros ainda muito degradados. Atrás, o edifício abre-se para uma vista panorâmica que começa nos bairros típicos vizinhos espalhando-se até à paisagem urbana a quilómetros de distância.
De construção modesta, com uma área de lote de 80 m2, o imóvel de 3 pisos e sótão, encontra-se em avançado estado de degradação, sendo inevitável a demolição integral do seu interior.
Com o projecto manteve-se a tipologia original. A entrada liga-se a uma escada lateral que dá acesso aos apartamentos, um por piso, no total de três.
Na organização interior, é comum aos três apartamentos a ideia de privilegiar a área social e reduzir a circulação. Assim, as salas com kitchenette atravessam o edifício de uma fachada à outra, sendo directa, a partir deste espaço, a ligação aos quartos e casa de banho.
Nesta forma de organizar o espaço nasce uma das principais ideias arquitectónicas. Para atenuar a função de circulação, transforma-se as portas que dão para a sala em portas secretas, integradas num painel ripado em madeira pintado na cor cinza. A largura das réguas é igual à moldura tradicional das portas e janelas, que se pretende reconstruir.
No último piso, aproveita-se o sótão para criar um duplex, com os quartos e terraço no piso superior. Também aqui, para reduzir a área de distribuição, a escada é posicionada no centro de forma a ser directa a ligação a cada um dos quartos.
Na cobertura, com uma janela de trapeira tripla, resolve-se as janelas para os quartos, bem como o acesso independente ao terraço.